Na mão, cinco sabores de chicletes. Pagou com uma nota de cinqüenta. O balconista olhou com raiva para a cara dela. Bufando, ele cata as moedas no fundo do caixa. Na boca os cinco sabores de chiclete. Juntos eles formam um sexto sabor já conhecido. Sempre fazia isso para tentar tirar o gosto de gala da boca. É ruim quando não dá tempo de escovar os dentes.Hoje em dia ela nem liga.
Mexeu nas moedas no fundo da bolsa. Não está tão tarde. Dá pra pegar um ônibus e ir para casa. Mas a noite não ia deixar tão barato. Barulho de buzina. Cotovelos na janela aberta. Perguntas óbvias. Respostas satisfatórias. Ela entra no carro e acende um cigarro.
- Não gosto quando fumam.
- Qual é teu nome? – jogou o cigarro pela janela.
- Rubem
- Para onde estamos indo Rubem?
- Geralmente levo vocês para um apartamento aqui perto, mas hoje vamos para a minha granja.
Ela olhou para banco de tras, mas não viu ninguém. Aquele cara era estranho. Dirigia com os braços tensos e o olhar fixo. Resolveu calar-se por um tempo.
- Se vocês estiverem com medo, podem descer agora.
- Estamos saindo da cidade querido Rubem. Agora não tem mais volta certo?!
Foi a primeira vez que ele olhou para ela depois que entrou no carro.
- Certas!
A granja era enorme.
- Vocês sobem para o quarto. Vou verificar se está tudo bem.
Ela ficou observando os objetos prateados nas estantes. Não deu pra ver quando entrou no quarto. Agarrou-lhe por trás apertando seus peitos com tanta força que ela gritou de dor. Depois a jogou na cama. Rasgou-lhe a roupa. Antes que ela iniciasse alguma reação. Montou seu corpo sobre o dela. Gritava com horror ao sentir seu ventre sendo cortado. Ela o empurrou, e ele caiu ao lado da cama. Em completo pânico, vendo o sangue saindo de seu corpo, ele começou a chorar. Com a faca ainda em mãos ela lhe cortou um dos tendões e foi ao banheiro. Lavou-se, agora precisava de uma roupa nova. Vestiu um biquíni velho que tinha no banheiro.
Quando voltou para o quarto ele já tinha se arrastado por todo canto. Ela passou por ele, saiu do quarto e trancou a porta. “Vai sangrar até morrer cretino!”. Andou até a beira da estrada. Pedia carona. Precisava ir para outra cidade. Sabia que com a roupa que estava vestindo e o cabelo assanhado, só iria atrair canalhas. Recomeçar mais uma vez. Hoje em dia ela nem liga.
Um comentário:
Gostei só acho que o início acabou se perdendo no resto, mas enfim... achei bom
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