Se o tolo perguntasse, “Se o senado morresse?”. “Outros senadores viriam!” responderia outro tolo. Mas a pergunta não se refere à 81 corpos ensangüentados estirados no planalto. As manchetes dos jornais berram a perda de credibilidade do Senado Federal. Então o povo tolo se pergunta “Para que serve um senado?”
O senado – no nosso sistema “Pseudo-anarco-parlamento-presidencialista”- serve para zelar pelos direitos constitucionais do povo, julgar o Presidente da República e analisar e votar projetos de lei, entre outras atividades. Mas não existem deputados para votar e analisar projetos de lei? Não seria o povo o melhor julgador do presidente? Seria realmente necessário 81 guardiões, empunhados de gravata e bravatas, para defender a constituição? E, pelo amor de deus, por que oito anos? Pergunta o tolo no segundo parágrafo. Então, fica mais assustado. Porque percebe que a resposta não vem no parágrafo seguinte.
Debito
Absolvição de Renan Calheiros não é a causa maior. Ninguém se lembra muito bem como mataram Francisco Ferdinando. O sangue e o cadáver do príncipe do império austro-húngaro não mudaram nada. A primeira guerra aconteceria independente de sua morte. Tão belos e vazios são os estopins. Renan, sua puta, sua vaca, sua filha sua absolvição, nada disso é mais importante do que um sentimento de descrença que sente toda uma nação. A nossa democracia morreu no parto. Nós, mãe desnaturada, preferimos negar a morte e fingir que o bebê ainda respira. O cheiro de podre já é insuportável.
“Mas qual seria a solução?” pergunta o tolo do quarto parágrafo. Como se alguém tivesse a resposta. Como se ela estivesse à venda. Há muito já se perdeu o valor de um voto. Há muito já se perdeu o valor de uma palavra. Onde achar uma resposta quando os valores pouco valem?!
O tolo continua a fazer perguntas durante todo texto. Alem dele também. Aguardando algo belo e vazio. “Quando será o estopim?” a pergunta e o tolo ecoam, Deus sabe pra onde.
Beto Leite, não votou pra senador. Faz perguntas para si mesmo enquanto planta bananeira no seu quarto, mas não se acha um tolo por isso. Mas sim por outras coisas.
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