Mulher na cama tem que ser safada! Afirmava com uma força espetacular. Era tão convincente que não havia cristão ou pagão que duvidasse de sua verdade. Absoluto. Nos outros lugares ela pode se comportar como quiser, mas na cama tem que ser safada! Então todos ficávamos em um silêncio afirmativo e incontestável. De repente alguém disse, acho que sou um peixe. Aconteciam coisas estranhas no Boteco do Pato, na Avenida das nuvens próximo ao Mundo Mágico “festas infantis e psicodélicas”.
Isso não fazia com que Rômulo só namorasse vadias. Pelo contrário, ele também classificava as mulheres como “feitas para namorar”. Assim era Rômulo, um cara que separava com uma firmeza cartesiana sexo de relacionamento. Caras como ele estão passíveis demais a trair.
Na primeira vez que vi, achei que fosse uma criança. Mas tinha curvas demais para ser uma criança. Acho que foi por causa da estatura. Cabelos negros, na altura das costas, pele branca, quase pálida. Vinha andando em nossa direção de mãos dadas com Rômulo. Uma princesinha. Ruborizava-se com piadas pornográficas e se encantava com coisas e lembranças da sua infância. Sorria de forma as maças do rosto se unirem com os olhos.
Rômulo olhava para ela. Tanto, que tinha a impressão que todas as suas ações agiam em função disso. Apaixonado. Chegava perto de mim, batia no meu ombro e dizia, vê?! Mulher pra casar!
Arrotava mais do que falava. Acredito que era uma forma de pender o choro. Ligou pra mim às 3h da madrugada. “Preciso de um amigo”, mais dramático impossível. Fui até o Boteco do Pato, onde ele estava. Durante 10 minutos só via ele arrotar, depois resmungou algo que não entendi e chorou. E falou.
No primeiro dia de namoro ela ligou e disse, estou indo para sua casa. Para uma princesa, tratamento de princesa, pesou. Champagne para gelar, cd romântico no som, perfume no corpo, velas na mesa e flores no ar. Quando entrou na casa dele sorriu, encolheu os ombros e inclinou a cabeça para o lado. Uma menininha, o que se pode esperar dela?! Mas acho que Rômulo não esperava que ela pegasse no seu pau antes do fim da primeira música, nem que abaixasse suas calças com tanta facilidade e chupasse seu pau como uma profissional. Como uma profissional, como uma profissional, ele repetia.
Nunca tinha transado com uma mulher tão louca. Apaixonado e desesperado. Sabia que mulheres como ela estão passíveis demais a trair. O destino tinha sido cruel demais com Rômulo. Trouxe, em um corpo só, as duas mulheres que ele classificava tão bem. Nunca botei fé nesse relacionamento.
Noivaram e acabaram duas vezes. Na coluna social vi as fotos da festa. Casados. Ele marido apaixonado, ela mulher. Exemplar. Na manchete seguinte, a foto de um cara que morreu afogado. Suicídio. Esse cara bebia no Boteco do Pato, achava que era um peixe. Eu sabia que ele ainda ia fazer merda.
Roberto Leite
22/12/2007
Imagem: Andrômeda (1929) & Mulher Nua (s/d).Tamara de Lempicka, óleos s/tela.
5 comentários:
Isso que é o foda de o homem "cair nas garras" do preconceito. O pior é que as coisas acontecem assim mesmo. O cara acha que tá abalando, trata a menina com o maior carinho porque acredita na ingenuidade dela e, depois, toma no pi. Ingênuo sou eu. As mulheres são demônios.
Pedrinho. Eu que gostaria de ter a sua maturidade sexual!
hehehehehehehe
"Aconteciam coisas estranhas no Boteco do Pato, na Avenida das nuvens próximo ao Mundo Mágico “festas infantis e psicodélicas”."
cara, taí um lugar legal.
A tirada do "De repente alguém disse, acho que sou um peixe." ficou massa. O fim então "Eu sabia que ele ainda ia fazer merda."... muito da hora.
tá phoda pra mim. não sei o q é escrever menos de três páginas. nunca mais vou conseguir escrever para a internet.
"Na manchete seguinte, a foto de um cara que morreu afogado. Suicídio. Esse cara bebia no Boteco do Pato, achava que era um peixe. Eu sabia que ele ainda ia fazer merda."
Fresco é tu, Beto! kkkkkk
"Esse cara bebia no Boteco do Pato, achava que era um peixe". Ficou pau mesmo. Pior que eu ri, quando li. :P
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